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Eu não tinha amigas e achava isso normal

Há algumas semanas uma de minhas amigas mais próximas em afeto e distante em quilômetros veio me visitar. Ela viajou por alguns estados para fazer uma prova de residência em Minas e aproveitou para passar alguns dias lá em casa. Nós rimos um bucado, choramos pitangas, visitamos cafés legais, fomos a uma palestra de uma doutora renomada e reassistimos As Branquelas pela 58° vez 😂😂 (Mas acho que foi a última depois da treta do tal do P. Diddy😅)

E pensar que nos conhecemos pela internet!

Hoje em dia eu tenho algumas poucas e boas amigas. Nós não conversamos todo dia, mas eu sei que posso contar com elas e procuro demonstrar que podem contar comigo.

Bem, isso nem sempre foi assim.

Eu não tinha nenhuma amiga.

Aliás, achava amizade com mulher um saco! Elas pareciam tão desinteressantes e dramáticas! Me irritava e tirava a paciência o sentimentalismo feminino, eu preferia muito mais estar na roda dos homens do que das mulheres, afinal os assuntos pareciam muito mais envolventes! (Talvez eu fosse um pouco “pick me girl”🙈)

Acontece que eu não via o quanto isso era um reflexo da minha própria desconexão com minha essência. Minha impaciência e frieza só revelavam que eu estava longe de estar conectada com as minhas emoções, de forma que não conseguia nem mesmo ser empática! Eu era uma rocha dura e inabalável, vivendo um desequilíbrio e privando o mundo das características mais fundamentais da minha natureza!

Um mundo excessivamente masculino é frio, duro, altamente competitivo, eficiente, utilitário, lucrativo, sem beleza ou afeto. Afinal, a beleza é um excesso, o afeto é abundância.

A mulher não nasceu da necessidade, mas do desejo!

Foi apenas quando comecei a dosar o tipo de conteúdo que eu consumia, deixar de me afetar por qualquer atualização política, me reconectar com minhas emoções e minha intuição é que comecei a desenvolver membros até então atrofiados: minha empatia e sensibilidade.

Eu passei a chorar mais. Passei a sentir mais intensamente. Passei a experimentar um tipo de caos interior!

Esse turbilhão de emoções é uma das maiores marcas da mulher: Não é à toa que o mesmo Yin que representa o feminino, representa também o Caos.

Somos a novidade, a fertilidade, a luz que surge das trevas, o dar à luz, o conceber, bebês ou novas ideias, a vida nova e abundante! O feminino é imprevisível e lindo!

Não à toa precisamos da ordem e solidez da rotina, da tradição e da segurança masculina para não derramarmos e perdermos nossa maravilhosa essência… 🍷 (Emoji do vinho na taça que só quem leu a última carta vai pegar a referência👀)

Bem, seja como for, me reconectei a todas essas minhas emoções negligenciadas e foi desse estado de espírito que me surgiu a maior, mais intríseca e histórica necessidade feminina: Falar😅

Mulheres precisam desabafar.

E mais que isso:

Mulheres precisam de outras mulheres para desabafar.

Homens ignoram a arte do desabafar feminino. Se eles são de Marte, Marte é feito de cidades de prédios altos, avenidas bem-pavimentadas, carros agéis e comida instantânea. Enquanto Vênus, nosso mundo, é repleto de casas charmosas, parques arborizados e cafeterias fofas onde amigas se encontram não apenas para falar sobre moda e trabalho (como eles falam de futebol e negócios), mas principalmente falar sobre suas vidas! Uma conversa entre duas mulheres em um despretencioso almoço de sábado facilmente soaria a quem ouvisse como uma sessão de terapia 😆

Sim, nós mulheres organizamos nosso caos interior colocando-o para fora e se fizermos isso com um homem, erroneamente esperando que ele seja compreensivo, xingue quem tem de xingar, relembre-nos do quanto somos amadas e capazes e o quanto ele está ali para o que precisar, ficaremos surpresas e decepcionadas quando ele parecer tentar encontrar soluções indesejadas, se incomodar com o desabafo quando negarmos as soluções e assumir uma atidude de defensiva como se o estivessemos responsabilizando por todos os problemas da vida!

A verdade é que homens dificilmente “desabafam”. Eles preferem resolver os próprios problemas sozinhos, em suas cavernas, e não é incomum que quando “pedimos um tempo” (esperando que eles não nos deem um tempo e, ao contrário, permaneçam ao nosso lado fazendo as perguntas certas para desabafarmos e organizarmos o que sentimos), eles realmente nos deem um tempo!🥲 A sensação de abandono é horrível, né?

Bem, existem formas de evitar que isso aconteça, mas não é sobre elas que quero me ater aqui. Nesta carta quero me ater ao fato de que mulheres precisam de mulheres.

E não estou falando de um super grupo de amigas ao estilo cinematográfico, dançando por aí e lendo o pensamento umas das outras😅

Nem espero que saia imediatamente deixando um anúncio na OLX “procura-se uma amiga” ou aceite formar laços com qualquer pessoa que encontrar mesmo se ela não compartilhar de seus valores. Não é isso 😆 Afinal, como disse o grande…

Ser amigo é amar e rejeitar as mesmas coisas. Não seja amigo de quem odeia o que você ama.

- São Tomás de Aquino

Não é sobre qualquer amizade, nem sobre quantidade, nem sobre ter pressa para encontrá-las… A única coisa que percebo, e que chamo à atenção, é que foi só ao me reconectar a minha essência é que passei a encontrar prazer na companhia feminina…

Em um mundo onde a rivalidade feminina é tão evidente, onde vemos amigas puxando umas às outras cada vez mais para o fundo do poço, para uma vida de festas, descompromisso e bebedeira, ter amizades sinceras, com pessoas que querem seu bem e a quem você pode fazer o bem, é valiosíssimo 💝

Cultive as que tem ou torne-se alguém que outra mulher sentiria-se sortuda por chamar de amiga!

Foi assim que, com o tempo, ganhei para minha vida amizades tão preciosas!

Até a próxima, damas! Beijinhos💋

Sara Duelli

Obs.: Estou indo agora mesmo responder aos comentários que vocês deixaram na última carta e ansiosa para ler os dessa🥰 Amando essa nova dinâmica já que nem sempre consigo ler meus directs e aqui posso dar mais atenção a cada uma… Sempre me surpreendo com vocês! 😘

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