- Sara Duelli
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Eu sinto muito, mas nunca vai parar de doer...
Eu tenho quase certeza que você, agora mesmo, está confiante de que, quando alcançar determinado objetivo na sua vida, finalmente se sentirá satisfeita.
Infelizmente, devo te contar que isso não vai acontecer 🫣
E não tem nada a ver com “dinheiro não traz felicidade”, “não dependa de homem pra ser feliz”, “a verdadeira felicidade tá em Jesus”… Nada disso…
Na verdade, eu nem mesmo tenho uma solução para isso, apenas PRECISO te deixar ciente de que NÃO HÁ solução para isso.
A dor nunca acaba. Ela só muda de natureza.
Talvez a sua dor hoje seja uma carência profunda…
Você não recebeu o que precisava na sua infância e hoje vive procurando suprir esse vazio. Você se sente muito pequena e tudo que queria era alguém que a amasse incondicionalmente e, em tempo integral, suprisse todas as suas necessidades…
Talvez você tenha medo que a pessoa que está ao seu lado vá embora e te deixe sozinha, então você releva até os piores defeitos do caráter alheio e se desdobra para agradá-la de todas as formas possíveis.
Talvez você tenha medo de falhar…
Talvez a mera possibilidade de ser humilhada, de “não conseguir”, de nunca poder provar ao mundo o seu valor, o quanto você é capaz… Talvez você tenha medo de nunca reconhecerem suas habilidades ou, pior, você tenha medo de que, na verdade, você não seja o suficiente…
Talvez a sua dor seja aquela conta no fim do mês…
Talvez você viva pensando em como vai arcar com todos os inúmeros boletos, como fazer a sua empresa crescer, como lidar com a folha de pagamento, como alcançar aquela marca, como fazer 6 em 7, como aumentar os dígitos da sua conta bancária e viver uma vida confortável com sua família…
São tantas dores!
E eu vim para te dizer que, quando você superar esta, outra vai surgir. Quando você bater o milhão, sua dor será “será que sou uma boa mãe?”, quando eles crescerem, aos 40, você olhará para trás e pensará: “Afinal, o que eu fiz da minha vida? Estou mesmo no caminho certo?”
Repito: A dor nunca acaba, ela só muda de natureza.
E talvez, a dor que você não sente lhe pareça incompreensível. Você provavelmente leu algumas dessas dores e achou bobagem ou pensou: “a minha dor é maior”. A verdade é que quando você superar a sua dor de agora (e eu espero e trabalho para que a supere), outra vai surgir… Não se preocupe, este é o maior sinal da maturidade!
As Doze Camadas da Personalidade, assunto que tanto me perguntam a respeito (e que gravarei uma aula tratando sobre), é marcada por 12 desejos e 12 dores. Isso significa que mesmo o ser humano mais maduro do mundo, Madre Teresa ou mesmo Jesus, sofreram. A dor deles era diferente da nossa… A dor deles era: “Como eu posso salvar a minha alma, levando muitos comigo?” Uma dor que nos parece absolutamente incompreensível porque ainda não chegamos lá. Mas eles viveram e muitos morreram por isso.
Em seu livro, “Em Busca do Sentido da Vida”, Viktor Frankl (um neuropsiquiatra judeu que sofreu em quatro campos de concentração na 2° Guerra e perdeu esposa, filho e irmão nela), explica que, para encontrar o sentido da existência e escapar do desespero, é preciso 3 coisas:
Amar alguém incondicionalmente, viver por um ideal e aceitar o inevitável sofrimento da vida.
A aflição, o desprazer, a culpa, a morte… Todos passamos por isso, mas de alguma forma negamos a conciência do fato e somos pegas de surpresa quando nos sobreveem. Só existe uma forma de livrar-se de um sofrimento inútil… Dando a ele sentido. Assim ele se torna um sacrifício: “sacro” de santo, “ofício” de trabalho:
O dever, o ideal, o amor, o servir… Eis o que santifica o sofrimento e nos livra do desespero. Quando Viktor Frankl se viu obrigado por ordens de superiores a, como médico, praticar a eutanásia em seus pacientes que não se adequavam ao padrão “puro” da raça Ariana idealizada por Hitler, ele poderia sofrer por obedecer ou sofrer duplamente por negar-se. Ele escolheu sofrer por negar-se e perdeu muito com isso.
Desanimá-la com certeza não é o intuito desta carta. Mas apresentar a realidade, não para negá-la, mas para que possamos, de alguma forma, ao aceitá-la, amá-la ❤
O feminino é representado pelo símbolo da água. Fluindo, transbordando… A água, quando encontra uma pedra em seu caminho, não briga com ela, bate de frente ou se recusa a prosseguir. Ela a abraça, a acolhe e a contorna.

Talvez, com tempo, a água até molde a pedra: é possível ressignificar a dor que passou ❤️🩹
A carta de hoje é um lembrete de que a dor nunca acaba. Só muda de natureza. Acolha a sua dor e contorne-a. Outra rocha aparecerá em seu caminho, talvez maior, ou ao menos lhe parecerá maior… Lembre-se da última: é possível continuar, apesar dela.
Até a próxima, damas! Beijinhos💋
Sara Duelli
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